quinta-feira, 29 de julho de 2010

Suzane


Ontem te vi chorando
Quem te feriu não entende
O que passa na sua cabeça
O que passa na cabeça de Suzane

Ninguém trará sua vida de volta
Ninguém se importa com a motivação
O que deu errado
Se tudo foi premeditado?
Tudo combinado
Como deveria ser

Eu mataria por você, Suzane
Até assumo a culpa
Do seu plano imperfeito
Se é pra te ver sorrir...
Eu mataria por você

E é assim que tudo acontece
No final a gente esquece
E eles vão te visitar
Quando você dormir

Eu mataria por você, Suzane

A Rosa (Também Morre)

Você se acha a tal de saia curta
Você conquista o mundo com o seu olhar de puta
Pra você vale o que vier

Você encara qualquer cara que chega de cara
E deixa claro qual a sua pretensão
Pra você vale o que vier

Você se acha tão moderna e antenada
Seu jeito de andar e sua roupa descolada
Você não nega um jogo
Seja entre outros ou com as amigas
E vive sua vida
Como quem brinca no carnaval

Eu vou deixar uma rosa
No travesseiro quando terminar
Só pra te lembrar que a rosa
Também morre se ninguém cuidar

Você se julga uma companhia agradável
Um frasco tentador, um conteúdo descartável
Sempre tão disposta a cooperar
Sempre ansiosa pra deitar
Depois da rave chega em casa sozinha
E fecha as pernas só pra variar

Pra você vale o que vier

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sem perceber

Todo lado escuro
Toda imensidão
Não revelarão os passos
Que há entre nós
Façam outras grades
Outras acusações
Só não espere que eu aceite
Tudo o que disser

Suas respostas não me dizem nada
Santificada seja toda opressão
O último recurso:
O íntimo em aflição
Entrego as armas e me calo
Sem preceber

Da erupção de um grito
De um afeto inativo
Surgirão vestígios de ilusão
Sinto o céu caindo
Mesmo quando estou dormindo
posso ouvir a sua decisão
e mesmo sem preceber
Eu ainda estou contigo

O amor é uma doença
Em estado terminal
Uma ofensa imoral
mesmo sem perceber

E mesmo sem preceber
Sei que pode acontecer
Algo que compense tudo que passou

Versos Alterados

Respirando o pó
De um tempo entorpecente
Ninguém entende a aflição
Deste coração doente
Nenhuma dor pode ser igual
Nada pode ser igual
Pois nenhuma dor é igual
Nenhuma dor é a mesma que outro

Hoje estou tão só
E isso nem me surpreende
De repente ouço da escada
O som de outros passos
Nenhuma dor pode ser igual
Nada pode ser igual
Pois nenhuma dor é igual
Nenhuma dor pode ter a mesma
Condição

Respirando o pó
De horas imprecisas
Tão nociva é sua ausência
Que ocupa todo espaço

Hoje tenho a impressão
De que todos sabem mais de mim
Que eu mesmo um dia pude saber
Hoje sinto que não estão tão errados

Respirando o pó
Versos alterados

terça-feira, 20 de julho de 2010

Racionalidade


Se eu dou trela pro meu coração
Sabe-se lá onde vou chegar
Acelerando pela contra-mão
Talvez perdido sem saber voltar

Se eu tirar meus pés do chão
Posso perder a noção de tempo e lugar
Minha intuição me diz que é melhor então
Deixar tudo como rolar

Tente viver sem quebrar as regras
Sem intervalos pra contradição
Tente viver sua racionalidade
Sem se distrair

Se eu resolvo dar atenção
A tudo que considero especial
Posso me perder
E isso eu não posso

Se eu tirar meus pés do chão
Posso perder a noção de tempo e lugar
Minha intuição me diz com convicção
Melhor deixar como rolar

Destrutivo

Você jurava que eu estava lá
Mas pra mim foi indiferente
Cada coisa em seu lugar
Outras que nem deveriam estar

De repente
Algo acontece que nos surpreende
Sem ensaios
Abrem as cortinas a nossa frente

Quando tudo mais falha a gente improvisa
E deixe que a vida nos mostre a direção

Eu não sei dizer o que pode ser mais destrutivo
Desistir ou insistir é a questão

Também jurava que te vi chegar
Mas se afastava como sempre
Todo conselho que se possa dar
A quem se nega a escutar

De repente
Algo acontece que nos surpreende
Como um raio
Um rápido espectro incandescente

Quando tudo mais falha a gente improvisa
E deixe que a vida nos dê a solução

Eu não sei dizer o que pode ser mais destrutivo

Isso Não é um Jogo

Não estou aqui pra dar conselhos
Nem pra julgar o fim
Que justifica os meios
Eu só
Comigo mesmo e só

A verdade que me serve tão bem
Muitas vezes não tem nada a ver
Com mais ninguém
Eu só
Comigo mesmo e só

Isso não é competição
Pra dizer quem está certo
Quem é o dono da razão
Isso não é um jogo
Nem tão pouco uma simulação
Você nem passou perto

Não me julgue por tentar ver o lado bom

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tronos e Predadores

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É quase um crime te tocar
Quase uma execução
Guardo em mim um rastro do que resta
Em fragmentações
E mesmo que os exércitos
Tomem teus subúrbios
Encontro meu refúgio
Entre tronos e o predador

Entrego-me ao cárcere
Deixo-me guiar pela fraqueza
E a triste condição
De encontrá-la em outros corpos
Onde não sinto seu gosto
Somente tal sincera angústia
De desejar nossa distância
Quando desejá-la em mim
É mais forte que a renúncia

Seja a cadência
Sejam os séculos
Ou mesmo as dúvidas
Que te condenam a certeza
De almas céticas
Sejamos outros
Seremos sóbrios
Serenos e cândidos
Ainda que as nossas diferenças
Sejam idênticas

É tão estranho entender seu rumo
Tão áspero e cinza
Onde insiste em me guiar
Não há como acreditar em nós
Quando tronos e predadores são
Nossas fontes mais lúcidas

Sua república se ergue eminente
Em lamentações e rascunhos de poesias líricas
Sonhos cálidos, anjos e signos
Ambos somos falhos em nossas crenças lógicas

Ao Avesso


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Ninguém levou a sério
Quando aquele anjo provou que dava conta do recado
Quantas vezes ela mesma desacreditou
Era tão menina
Quando o namorado pulou fora deixando uma lembrança
Uma criança na barriga que ele desprezou

Hoje leva a filha em seu primeiro dia na escola
Ela sorri e chora
Sabendo que é apenas o início

Cheia de planos e incertas
Decidiu correr o risco

Virou seu mundo ao avesso
E ninguém tem nada a ver com isso

Ninguém acreditou quando pediu as contas
Partiu deixando um maço de cigarros
Quanto tempo ela perdeu e se iludiu
Casada há oito anos com um desconhecido
Se sentia só e abandonada
Fez as malas e o cabelo e se despediu

Jogou as fichas, subiu a aposta
Ela sorri e chora
Hora de reaver o prejuízo


Cheia de medo e esperança
Decidiu correr o risco
Virou seu mundo ao avesso
E ninguém tem nada a ver com isso

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Vésperas


Tudo está em paz de novo
Todo dia é a véspera
De um dia igual ao outro
Deixe que os soldados se retirem
Somente por hoje
Ao menos por ontem, então
Esqueça o que aconteceu
O que aconteceu se foi
Amanhã será tudo como antes
São promessas prósperas
São memórias póstumas
O que aconetceu se foi
O que aconteceu agora são lembranças
Uma trégua, um minuto de silêncio
Mil disparos por segundo
Há um mundo em conflito
Há um grito de revolta entre os dentes
Sentimentos sufocados entre máscaras
Sempre a reprise do mesmo erro
Todo dia é a véspera de um dia igual ao outro
Um feliz dia comum.

Último Sopro


Lembra aquele dia que eu te disse
Que não sei dizer adeus?
Acho que ainda posso dizer o mesmo
A vida é breve e qualquer sopro leve
Deve preocupar
Como se fosse o último
Justo quando me falavam de você
Eu cheguei em casa pra te ver fugir
Seu olhar tão distante
Sua alma oscilante
Que (decide) insiste em deslizar pela fresta
O peso do seu crpo pequeno
É mais do que suporta este meu mundo ingênuo
Vejo sua cor que se dissolve
Ao toque de uma lágrima
Que se desprendeu de mim
E mesmo sem aceitar, eu me despeço
E me apego ao pouco que ficou
Há algo de familiar em sua voz...
Agora que você se calou

Outros Riscos

Você se queixa tanto quanto qualquer um
Recusa a chance de outros riscos
Intérpretes de uma nova linguagem
Sem objetivos
Pra quê causar a própria dor
Se é a dor quem te faz melhor que antes?

É Quase sólida esta solidão
Quase posso tocar em seu rosto
Tanto faz que dia é hoje
Não faço qualquer questão
A ternura que o oprime esta noite
Deixa na boca o gosto de um beijo rascante

Quem te vê assim, calada e atenta entre tantas
Desconhece seus desejos, seus encantos e outros contos
Sua íntima flora e fauna
O animal cativo, a fêmea
O segredo derramado e fecundado em sua carne
Quem me dera ler seus pensamentos,
Quem me dera ter seus pensamentos,
Quem te vê assim sorrindo esquece que o sentimento
É um fluxo constante e em conflito
Quem me dera ser seus pensamentos

E se ela disser que não
Tudo bem, a vida sempre segue a diante
E se ela te ligar de novo
Deixe que diga tudo aquilo que a faz feliz